Resolvi publicar o tema após observar algo que me deixou assustada:
correções feitas nos cadernos de uma criança de 7 anos. Erros ortográficos
corrigidos de vermelho por cima da escrita da criança, palavras riscadas…
Cheguei a pensar: como os professores estão lidando com os erros? De que forma
isso afeta a criança?
Pesquisei em diversos artigos, sites, livros. Deixo a vocês um “resumo”
do que achei de melhor sobre o tema.
No âmbito escolar, a prática do educador pode provocar reações
diversas no educando, principalmente frente à execução das atividades
escolares.
Partindo do pressuposto que um educando tem apresentado com
bastante freqüência alguns erros ortográficos, qual deveria ser a postura do
educador: avaliar ou ignorar?
O ser humano tem uma capacidade muito grande de se adequar às
situações vividas. Quando estas se caracterizam pelo prazer, a busca de
crescimento torna-se maior. Porém, quando há frustrações é recair, deixar de
produzir.
A correção é a intervenção mais preocupante para os educadores, uma
vez que certos professores são convictos de que seu papel é simplesmente o de
corrigir. A tradição escolar vê a correção que o professor faz longe dos
alunos, a mais importante. Compete-lhe marcar no papel, no trabalho, o que o
aluno errou. Outra visão de correção é a informativa que diz que a correção
deve informar ao aluno e ser feita dentro da situação de aprendizagem.
Outrossim, avaliar o erro do educando é uma tarefa complexa, pois
qualquer atitude grosseira pode provocar transtornos ao processo de
aprendizagem da criança. Acredita-se que o educador precisa ter cautela ao
avaliar o erro do aluno, para de fato servir de instrumento norteador de
aprendizagem qualitativa.
Sabiamente Azenha (apud Emília Ferreiro, 1994) explicita que
“diante do ‘erro’ observado nas realizações da criança, o interesse
construtivista não é apontá-lo, mas estudá-lo, descobrir suas razões.”
Nota-se que a presença do erro, é inevitável, portanto as atitudes
relacionadas a ele precisam mirar-se em suas causas. Entende-se que ao ignorar
o erro, o professor inibe as futuras aprendizagens significativas do educando.
Em muitos casos, é preciso errar para então acertar. É este ”meio fio”
existente entre o erro e o acerto que está a chave do sucesso do educando. Ao
educador cabe o comprometimento de suas atitudes pedagógicas, o erro em uma situação
de aprendizagem.
Considera-se que ao avaliar o erro do educando, lhe serão
propiciadas oportunidades de progresso, ao contrário de ignorá-lo, que
simplesmente deixará a aluno fadado a cometê-lo.
Entre corrigir o erro e ensinar a pensar sobre ele, existe muita
diferença. Corrigir resulta apenas em correção sem reflexão. Ensinar a pensar é
desenvolver a consciência crítica, o que consequentemente promoverá momento de
aprendizagem.
Entende-se que as críticas não influenciam na aprendizagem, não
educam, geram apenas agressividade e distanciamento (CURY 2003, p.12).
Muitas escolas hoje já se preocupam com a discussão sobre a
correção dos erros, olhando o erro de outra forma, considerando as respostas
dos alunos, valorizando diversas formas de resolução para um mesmo problema,
tentando mostrar os erros como naturais, utilizando-os como instrumento
didático, como forma de trabalhar e avançar no processo de aprendizagem.
Segundo Demo (2001, p.50) “o erro não é um corpo estranho, uma
falha na aprendizagem. Ele é essencial, faz parte do processo”.
Perrenoud (2000) proclama que “todos tenham direito de errar para
evoluir. Ninguém aprende sem errar. Errando, reflete-se mais sobre o problema e
sobre as ações usadas para resolvê-lo.”
Para Macedo (1989) o erro e o acerto não são privilégios de quem
sabe, mas são caminhos necessários ao conhecimento. O erro em algumas escolas
não pode continuar sendo encarado como sinônimo de fracasso, merecendo castigo,
mas como instrumento riquíssimo para a compreensão do processo da estruturação
do pensamento do aluno, um ser em formação e sua condição de ser em
desenvolvimento.
O
erro precisa ser considerado como fonte de aprendizagem, pois só assim
viabilizará um caminho de descobertas e desafios que estimulará no aluno o
prazer do saber.
Nesta perspectiva, o erro das crianças não pode ser desprezado, pois é um reflexo da construção do conhecimento em que ela está aprendendo e revela o que conquistou. O professor precisa instrumentalizar-se no sentido de fazer uso dos erros como materiais para a construção do conhecimento.
Todo
erro é um reflexo do pensamento da criança, a tarefa do professor não é a de
corrigir a resposta, mas de descobrir como foi que a criança fez o erro.
Quando o aluno erra
dentro de uma lógica, erra tentando superar um desafio. Cabe ao professor
compreender como o estudante está construindo seu conhecimento, suas hipóteses,
suas competências. Se ao contrário, o educador fizer do erro como fonte de
castigo, o aluno deixa de criar hipóteses, com medo de ser punido.
Para finalizar, há
uma passagem de Cora Coralina que faz bastante sentido nesta reflexão:
“O
que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e
semeando, no fim terás o que colher.”
Fontes de pesquisa
Artigo "A construção da aprendizagem a partir do erro" de Selma G. Villas
Artigo "A construção da aprendizagem a partir do erro" de Selma G. Villas
AQUINO, J.G. (Org.) Erro e fracasso na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1997.
CARVALHO, M. Muzzi; CARVALHO, D.D.M. Para compreender o erro no processo ensino-aprendizagem. Presença Pedagógica. Belo Horizonte, v.7, n.42, nov./dez. 2001
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