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30 de maio de 2016
25 de maio de 2016
A produção de texto em situações de escrita coletiva: o que as crianças podem aprender com essa proposta?
Ana Carolina Perrusi Brandão
Ester Calland de Sousa Rosa
A
produção de texto coletivo é uma atividade em que a interação é condição básica
e acontece em duas dimensões: a interação entre o grupo que está produzindo o
texto (os alunos e a professora) e a interação que o grupo estabelece com o destinatário
do texto (GIRÃO; LIMA; BRANDÃO, 2007).
Diante
do desafio de produzir um texto coletivamente, a criança terá, portanto, que
lidar de forma interativa com o grupo de modo a construir uma unidade
interlocutiva. Esse processo se constitui realmente quando a professora se
propõe a criar um espaço de mútua colaboração e comunicação.
Assim,
nos momentos de produção textual coletiva, as crianças podem tanto confrontar ideias,
conhecimentos, expressar seus pensamentos, sentimentos, valores e desenvolver
competências quanto selecionar e avaliar as melhores ou mais adequadas ideias/informações
que deverão constar no texto. As crianças podem aprender ainda a utilizar os
recursos de coesão e coerência para que o texto tenha sentido, bem como a
melhorar seus textos para facilitar a compreensão do leitor, utilizando-se da
revisão textual ao longo da escrita, bem como no final do escrito.
Melo
e Silva (2006) ressaltam ainda que a produção coletiva de textos pode
constituir-se em uma atividade especialmente interessante porque permite ao
alunos observar atos de escrita do professor “e isso se torna relevante à
medida que eles são expostos a um modelo mais experiente de produtor de textos,
sobretudo se ele (o professor) expressa oralmente as decisões que está tomando
durante a escritura do texto” (p.90).
Essas
decisões podem estar relacionadas aos diversos aspectos do processo de escrita.
A professora pode, então, fazer perguntas sobre o conteúdo da mensagem, a
estrutura do texto e também chamar a atenção para aspectos gráficos, tais como:
as letras, as palavras e a organização gráfica do texto (TEBEROSKY; RIBERA,
2004).
Assim,
através dessa atividade, as crianças maiores podem ser encorajadas a explicar
suas sugestões para a escrita dos textos, confrontando com as propostas dos
demais colegas, bem como a identificar problemas nos textos produzidos pelo
grupo, sugerindo modificações. Já as menores, ao ajudar a professora na escrita
de listas, bilhetes, receitas culinárias, convites e outros gêneros, podem ser
incentivadas a reconhecer aspectos da estrutura composicional de cada um deles.
Em
resumo, pensando e construindo coletivamente textos ditados para a professora,
·
as crianças aplicam conhecimentos, resolvem
problemas e, sobretudo, aprendem a usar uma linguagem formal em atividades
significativas e de escrita, adequando o vocabulário, a estrutura e o
conteúdo de seus textos aos objetivos perseguidos.
· A partir de observar, participar no procedimento,
perseguir propósitos e elaborar um texto de forma compartilhada, os meninos e
as meninas aprendem aspectos da linguagem escrita que não poderiam aprender com
a simples cópia de resultado final (TEBEROSKY; RIBERA, 2004, p.64).
A
produção de textos coletivos constitui o desafio de produzir um texto oral com
destino escrito. Nesse sentido, é importante frisar que o papel de escriba é
desempenhado pelo professor, mas a tarefa de produzir o texto é de todos. Em
outras palavras, concebemos que as crianças são produtoras de textos escritos,
ainda que façam isso oralmente. Para tanto, é fundamental que elas participem
ativamente, sugerindo a inclusão de certas informações no texto, fazendo
acordos sobre o conteúdo do texto e argumentando a favor da proposta que lhes
parece mais adequada.
Em
síntese, concordamos com Curto, Morillo e Teixidó (2000, p.49), quando afirmam
que
[...] esperar que possam
escrever perfeitamente por si próprias pressupõe uma enorme perda de tempo. Desde
os três anos as crianças podem perfeitamente elaborar uma carta, uma notícia,
uma mensagem, uma descrição, etc. Podem escrevê-las por si mesmas ou
servindo-se do professor, que age, nesse caso, como secretário ou escrivão. Mas
são os alunos que constroem o texto, os verdadeiros autores, que pensaram a
melhor forma de expressar a mensagem que querem transmitir.
Ler e escrever na Educação Infantil
autêntica editora
18 de maio de 2016
Brincando de encenar
As
brincadeiras de faz de conta podem ser incentivadas pelos profissionais de
Educação Infantil quando colocam à disposição das crianças um espaço
especialmente concebido para as brincadeiras de encenação, o “cantinho do faz
de conta”. Neste espaço deve haver objetos que estimulem o desenvolvimento das
capacidades de imaginação e representação simbólica da criança, como roupas,
sapatos, fantasias, chapéus, lenços e outros adereços que dão forma à representação
de personagens reais ou imaginários, além de jornais, livros, blocos de
anotações, dentre outros suportes textuais. Essas brincadeiras podem se tornar
atividade permanente na rotina de todas as salas de Educação Infantil e devem
ser incentivadas quando as crianças tiverem vontade de brincar de fazer de
conta que são outras pessoas.
Além
de colocar à disposição das crianças objetos para as brincadeiras de encenar, o
profissional de Educação Infantil também pode favorecer e propiciar tal
atividade, sugerindo que as crianças encenem determinadas situações do dia a
dia, como uma consulta médica, uma aula ou uma viagem de ônibus ou de avião,
resguardando-se, no entanto, o direito da criança de não brincar, caso não se
sinta motivada a participar de tal brincadeira.
É
importante, no entanto, que não se confundam tais brincadeiras com dramatizações,
uma vez que estas “se caracterizam pela reprodução de um argumento prévio, que
funciona com uma espécie de guia” (MARTINS, 2008, p.60).
Ao brincar, a criança
aprende “sobre si mesma e sobre os homens e suas relações no mundo, e também,
sobre os significados culturais do meio em que está inserida” (BORBA, 2009,
p.70).