O
construtivismo de Piaget possibilita uma nova reflexão sobre o erro no contexto
escolar. Nessa perspectiva, o desenvolvimento da criança ocorre pela invenção e
descoberta e não necessariamente pela questão do erro e acerto. É importante
que a criança tenha oportunidade de rever suas hipóteses, ideias, ações e
pensamentos. Segundo o professor Lino de Macedo, do Instituto de Psicologia da
USP, erros e acertos são inevitáveis no processo, não no sentido de rigor ou
complacência excessiva, mas como coisas com as quais temos que lidar.
Na
perspectiva formal, adulta, o erro é visto como coisa ruim, algo que deve ser
evitado, punido. O processo torna-se, então, absoluto e acabado. Não se
questiona o porquê, ou como a criança errou. Na concepção construtivista, o
erro é necessário, faz parte do processo de construção, onde as estruturas
mentais, os conceitos e as ideias são criados e incorporados pela criança por
um processo de auto regulação. Este processo é adquirido pela revisão, reconsideração,
regulação-corrigir ou manter, tendo em vista os resultados que se quer
alcançar.
Para
Piaget, erros e acertos são detalhes de nossa ação. Há aspectos que devem ser corrigidos,
melhorados e outros que devem ser mantidos, o que importa é a ação física e a operação
mental que a criança realiza. Segundo o professor Lino de Macedo (1990), a
questão do
erro
passa, na perspectiva construtivista, por três níveis de desenvolvimento, pois
a consciência do que quer que seja é uma questão de grau e de nível de
construção interna.
Nível 1
- Não há perspectiva consciente, o erro é recalcado e as respostas
contraditórias não causam conflito ou problema para a criança.
Nível 2
- O erro aparece como um problema. Depois de tê-lo cometido, a criança o
reconhece. As soluções ocorrem por ensaio e erro, por tentativa. As iniciativas
exteriores de outras crianças ou adultos problematizam o erro.
Nível 3
- O erro é superado enquanto problema. A criança pode antecipá-lo, anulá-lo, ou
seja, já dispõe de meios para pesquisá-lo ou corrigi-lo, adquirindo certa
autonomia de pensamento.
Desta
forma, pode-se compreender que aprender a ler e a escrever resulta da
capacidade de perceber, estabelecer relações, construir hipóteses – interpretações
e, principalmente, atuar no mundo como um ser autônomo, criador, capaz de
promover suas próprias transformações.
Texto: Prof.ª Ms. Cláudia Marques Cunha Silva
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