Portal Educação: Parceria que capacita!

Curso online de Educação Infantil (Teorias e práticas pedagógicas)

Hipóteses de Leitura


Contribuições à Pratica Pedagógica
(Texto elaborado pela Equipe Letra e Vida-CENP)

Hipóteses de Leitura

Hoje é possível saber que, assim como as hipóteses sobre como se escreve são contribuições originais das crianças, a distinção entre o que está escrito e o que se pode ler também resulta de uma elaboração do aprendiz. Isso não significa que as informações recebidas tanto dentro como fora da escola deixem de ter um papel nesta construção, e sim que a compreensão de que se escreve cada seguimento do que se fala, por exemplo, não é passível de transmissão direta nem é, como se pensava, evidente por si mesma.

Mas o que, de fato, saber sobre a distinção entre o que está escrito e que se pode ler elaborada pelo aprendiz contribui para a prática pedagógica?
As informações sobre as “ hipóteses de leitura” indicam que:

1- As idéias dos alunos sobre o que está escrito e o que se pode ler evoluem de acordo com as oportunidade de contato com a escrita; portanto, promover variadas situações de leitura- em que os alunos participem de forma ativa, ou testemunhem atos de leitura e escrita como parte interessada- favorece a conquista da correspondência exaustiva entre os seguimentos do enunciado oral e os seguimentos gráficos.

2- Ler em voz alta uma oração ou um texto marcado oralmente de forma artificial as fronteiras de cada um dos seguimentos escritos, ou solicitar que os alunos pintem os espaços entre as palavras (como se eles tivessem dificuldades para perceber o “vazio” que separa graficamente as palavras) não garante sua compreensão de que tudo o que foi dito deve estar escrito, e escrito na mesma ordem emitida. As informações fornecidas pelo professor são processadas pelo aprendiz de acordo com suas próprias concepções. Em outras palavras: os alfabetizandos não possuem problemas de percepção quando não compreendem esse fato tão óbvio ao olhar alfabetizado - o de que tudo o que se diz deve estar escrito na mesma ordem da emissão. Mas a conceitualizaçã o que possuem ainda não dá conta da questão, e avançarão na medida em que tiverem oportunidade de participar em situações de aprendizagem que demandem refletir sobre o que deve estar escrito em cada “ pedaço” dos textos.

3- Oferecer textos que os alunos conhecem de cor ( parlendas, poesias, canções, quadrinhas etc) e solicitar que acompanhem a leitura indicando com o dedo costuma ser uma boa situação para que possam reorganizar suas idéias sobre o que está escrito e o que se pode ler. Solicitar que localizem neses textos determinados substantivos, adjetivos, verbos e até “partes pequenas” – artigos, preposições etc- pode ser uma boa intervenção por parte do professor. Por exemplo, ao realizar uma atividade de leitura de uma quadrinha ou canção que as crianças sabem de cor, é interessante que, enquanto elas vão dando conta de localizar as palavras que acreditam estarem escritas, o professor vá propondo a localização de outras mais “difíceis”. Obseve a quadrinha abaixo:

PIRULITO QUE BATE BATE
PIRULITO QUE JÁ BATEU
QUEM GOSTA DE MIM É ELA
QUEM GOSTA DELA SOU EU

Além de pedir para localizar “pirulito” e de perguntar com que letra começa ou termina, é possível propor inúmeras questões para os alunos pensarem. Pode-se notar que há inúmeras palavras repetidas. Para crianças que ainda não avançaram muito em direção á idéia de que tudo o que se lê precisa estar escrito, isso soa absurdo. Mas, como as dificuldades são de ordem conceitual, e não perceptual, salta-lhes aos olhos que existem vários “pedaços” idênticos. Mais precisamente cinco pares. Quatro se repetem na mesma posição, no verso seguinte e um (Bate) no mesmo verso. Apoiar o esforço dos alunos para descobrir o que está escrito em cada par e em cada um dos outros pedaços é a tarefa do professor. Lançando uma questão de cada vez, analisando as respostas para formular a seguinte e, dialogando, ir avançando com eles.

4- O trabalho com listas ( de animais, brincadeiras preferidas, ajudantes da semana etc) também é adequado na fase inicial da alfabetização, pois além de ser um tipo de texto que vê de encontro à idéia das crianças de que só os nomes estão escritos, permite que elas, diante de uma situação de leitura de lista, antecipem o significado de cada item, guiadas pelo contexto((animais, brincadeiras etc) e, na situação de escrita de lista, concentrem na palavra e reflexão sobre quais letras usar, quantas usar, em que ordem usar.

5- Iniciar a alfabetização pelas vogais e palavras como “ ovo, uva, pé, em lugar de facilitar, pode acabar dificultando a aprendizagem dos alunos. Essa escolha didática desconsidera que, no início de seu processo, os alfabetizandos acreditam que palavras com poucas letras não podem ser lidas. Portanto, centrar a fase inicial da alfabetização em atividades com esse tipo de palavras- tidas como fáceis- significa caminhar na contramão das idéias dos aprendizes.

6- O conhecimento das “hipóteses de leitura” n ao deve se transformar em um recurso para categorizar os alunos, mas sim estar a serviço de um planejamento de atividade que considere as representações dos alunos e atenda suas necessidades de aprendizagem.

7- É preciso cuidado para não confundir hipóteses de leitura com estratégias de leitura: são coisas diferentes. As idéias que as crianças têm a respeito do que está escrito e do que se pode ler, isto é, as hipóteses de leitura, são de natureza conceitual. Já as estratégias de leitura- antecipação, inferência, decodificação e verificação- são recursos que os leitores- todos, tanto os iniciantes como os competentes- usam para produzir sentido enquanto lêem um texto. São estratégias de natureza procedimental, o que significa que são constituídas e desenvolvidas em situações de uso.

8- É fundamental desfazer um equívoco generalizado. Muitos professores pensam que as conhecidas hipóteses de escrita- pré-silábica, silábica, alfabética- são também hipóteses de leitura. Não há fundamento para dizer que um aluno é, por exemplo, sil´bico na leitura. É importante que os professores compreendam que, quando um aluno escreve IOA e, solicitado a ler, aponta I ( para PI), O ( para PO), A ( para CA), ele está explicando o que pensou enquanto escrevia. Está explicando sua hipótese de escrita. Está justificando sua escrita. O que poderíamos chamar de hipóteses de leitura são as soluções que o aluno produz quando solicitado a interpretar um texto escrito por outra pessoa, como é possível observar no programa O que está escrito e o que se pode ler.

22 Comentários:

Anônimo disse...

Oi Tati, o seu site está muito fofinho amei. Muitas novidade eu corro e tento fazer para os meus alunos.Estou encantada.
Muito sucesso para vc.
Sandrinha(Montes Claros MG)

Anônimo disse...

Tatiana seu blog é muito útil para nós professoras,obigada por nos ajudar.
Estou precisando do alfabeto de parede,ilustrado e com as letras de forma e cursiva, ambas maiúsculas e minúsculas, se puder me ajudar serei muito grata.
Um abraço.

vivifelipe disse...

Olá,Tati!
Sou professora alfabetizadora e estou adorando seu blog.
Gostaria de receber por email algumas idéias como o alfabeto divertido....
Estarei aguardando!
Parabéns pela iniciativa!
Bjos,
Vivi!
Meu email: vivifelipe@yahoo.com.br

Aline disse...

Oie! nossa muito legal esse texto que postou....
boa semana!

Anônimo disse...

Oi Taiana, sou alfabetizadora há muitos anos e desde que descobri este mundo virtual ainda não tinha achado nada parecido com o que vi aqui. Vc é demais. Além de nos dar sugestões maravilhosas, tbm escreve sobre a hipótese da escrita, esclarecendo muitas pessoas.Vou imprimir este texto se vc me permitir, para dar a minha Orientadora Pedagógica, já que ela não compreende estas hípóteses da escrita e teima que a criança tem níveis tbm na leitura.
Bjs

Anônimo disse...

Tatiana, gostei muito do seu blog. Só uma sugestão, coloque referência bibliografica nos textos postados, senão dá a impressão que tudo que está no seu blog é de sua autoria.
Delma

Anônimo disse...

Oi Tati eu me chamo Camila. Gosto muito de visitar seu blog, pois aqui eu encontro coisas bem interessantes. Acabei de assumir uma Classe de Alfabetização e nunca lecionei neste período confesso que estou um pouco assustada, por isso gostaria de ver seu DV para ter algumas idéias. bjs

email: camila.almeida.aguiar@gmail.com

Unknown disse...

Muito legal seu blog, tiro muitas idéias, gostaria de receber mais informações, meu email é elimichelon@hotmail.com

Anônimo disse...

Excelente o seu site,amei já tirei um montão de idéias daqui e como está me ajudando.Parabéns.Agora se for possivel gostaria de receber sugestão para fazer um livrinho divertido para leitura,pois trabalho com articulação e os alunos estão precisando de reforço em leitura.As sugestoes tem que ser nas series iniciais obrigada.contato:kamim13@hotmail.com

Anônimo disse...

Entrei no seu site para ver o que você dizia sobre as hipóteses de leitura. De fato essa é uma faceta da alfabetização que causa muitas dúvidas. Achei que você falou disso muito bem e de forma sucinta. Parabéns!
madalena@cedac.org.br

Anônimo disse...

Olá Tatiana, gostei muito do seu blog, é muito útil! Acrescentei aos meus favoritos!Estou fazendo um trabalho sobre as fases da escrita e tirei muitas coisas daqui!
Obrigada!!!
Um abraço,
Viviane

Susi disse...

Tati!
Parabéns pelo seu trabalho, com certeza as suas contribuições serão de grande valia pra mim.
Sou uma gaúcha, estudante de Pedagogia na PUCRS.
Meu e-mail susana.kaiser@yahoo.com.br

Um grande abraço,
Susi Kaiser

Anônimo disse...

olá Tati, acabei de conhecer seu blog e estou amando. Já tirei nuitas novidades para utilizar com meus alunos. Bjs Mari

Anônimo disse...

Tatiana,
Estou visitando seu Blog pela primeira vez e gostei muito. Consegui copiar o Alfabeto e o da poesia da centopéia também. Para as crianças da família.Tenho 64 anos, alfabetizei durante 25 anos e no final de carreira trabalhei com "Ciclo". e adorei o que você escreve sobre as hipóteses e os níveis dos alunos.
Espero que muitos professores leiam!Bjussssss.

Unknown disse...

Oi Tatiana. Sou a Maricélia, de Salvador/Bahia. Recém-formada em pedagogia, dou aulas de reforço em duas escolas públicas do meu bairro e estou empolgadíssima com a missão que as professoras me passaram: melhorar os níveis de leitura dos alunos da 2ª série que, apesar da seriação, ainda não leem com desenvoltura e outros até, que não leem nada. Encontrei o sei blog e está sendo de muita utilidade poder consultar os textos, as postagens e as dicas que você tem dado. Sem muita prática ainda na área, estou apostando na teoria do PCN de levar o aluno a refletir sobre a língua, com os alunos destas escolas, partindo do viés da ortografia. Que Deus me ajude! Se puder, deixe-me algumas dicas e sugestões de trabalho.
Um abraço,
MARICÉLIA aileciram@gmail.com

Anônimo disse...

Meu nome é Patricia, gostaria de acrescentar que para ler a criança precisa utilizar estratégias de leitura,como antecipar,inferir,selecionar,verificarIsabel Sóle e Kátia lomba Brakling são boas autoras que defendem a tese. Ótima colocação de que não exitem hipóteses de leitura!

Rosemara disse...

Seu blog é excelente e nos ajudar no processo de ensino aprendizagem no qual o nosso aluno é sujeito do processo e nos mediadores amei o seu blog que o Senhor te abençõe grandemente.

Rosemara disse...

Seu blog é excelente e nos ajudar no processo de ensino aprendizagem no qual o nosso aluno é sujeito do processo e nos mediadores amei o seu blog que o Senhor te abençõe grandemente.

Ana Paula Lucas Pereira disse...

Tatiana,Boa Noite! Sou Ana Paula e queria dizer que seu blog é demais e me ajudou muito obrigada as dicas são barbaras,obrigada. meu e-mail é prof.analucas@ig.com.br um abraço Ana Paula 21/02/2011 22h:00

Patrícia Lerbarch disse...

OLÁ,

Seu blog é ótimo e sempre recorro a ele para realizar minhas atividades de formação e planejamento com meus professores.

Obrigada e Parabéns!

Patrícia Lerbarch

Hermana disse...

Olá Tatiana, sou professora de um 3º ano com 21 crianças onde 15 encontram-se no nível correspondente, mas 6 não sabem ler. Encontrei aqui sugestões de atividades que podem ajudá-los nesse processo.
Obrigada,
Hermana.

Carolina de Jesus Rodrigues disse...

Parabens o texto sobre os niveis vou utilizar com apostila e avaliar meus alunos.Obrigado vai ser muito util evou compartilhar com minhas colegas.



Ass Carolina